Embalada pelo “cheiro” da cultura concentrada na cidade de
Areia-PB resolvi subir a serra brejeira, último sábado, para prestigiar o 12º
Festival de Artes.Tava tudo muito bom.Tava tudo muito bem não fosse a ausência
de hospedagem na cidade.Todos os locais disponibilizados estavam lotados e a
solução foi mesmo pernoitar dentro do carro, no pátio do Colégio das Freiras e
agüentar um frio de 16 graus.
Envolta ao meu edredon, como quem previa algo dessa
natureza, meu pensamento voltou-se para o famoso Festival de Música de
Woodstock, realizado em agosto de 1969 numa fazenda na cidade rural de Bethel,
no estado de Nova York-EUA, onde os hippies e as
pessoas recorriam a carros, kombis, gramas, bancos e em qualquer lugar para
descansar um pouco e seguir acompanhando a programação do festival. Não foi
igual, é claro, mas a ausência de infraestrutura num evento que reúne muita
gente é, no mínimo, desesperador nos dias de hoje onde o espírito de paz e amor
já não existe mais nas ruas de qualquer cidade.
Deixando de lado as devidas proporções, ressalto aqui a
iniciativa do Governo do Estado, que é homem sensível à cultura de um modo
geral e apreciador da cultura paraibana, principalmente, da decisão de realizar
o festival que desde a sua primeira edição, há 35 anos, elevou a terra natal do
pintor Pedro Américo ao status de cidade da cultura, hoje patrimônio da
humanidade. O regionalismo do Festival de Artes de Areia de 2011, portanto, não
desmereceu e nem deixou a desejar.
A participação de tantos talentos conhecidos regional e
nacionalmente possibilitou a expansão do que chamamos de “cultura local” com o
mesmo brilho de nomes nacionais e que tocam nos circuitos comerciais.
Revelações como Toninho Borbo, Junior Cordeiro, não deixaram a desejar. A
população jovem de Areia esteve presente ao festival e tiveram a oportunidade
de conhecer um pouco mais da cultura paraibana ainda não revelada.
O empenho do secretário de Cultura Chico César e do Governo
do Estado em descentralizar a cultura por toda a Paraíba já trás a certeza de
que a qualidade estética e sonora que buscamos está no caminho certo. A beleza
e alegria do Mestre Abel, que conduziu o Reisado de Zabelê até os 81 anos e a
presença do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, com sua aula-espetáculo,
fecham o festival com a certeza de que no próximo ano tem mais. Oxalá mais
estruturado.
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